Uma Mogi mais humana e gentil

Redação
 KARINA MATIAS

Mogi das Cruzes

Qual é a Cidade que nós temos? Como é a Cidade em que queremos viver? É a partir da reflexão proposta por essas duas perguntas, que um grupo de mogianos começa a discutir projetos e atitudes que podem contribuir para a melhoria da paisagem urbana de Mogi das Cruzes. Formado por 20 membros, sendo a maioria deles de profissionais das áreas de arquitetura e urbanismo, a iniciativa já dá as suas primeiras contribuições com propostas destinadas ao Mercado Municipal, ao prédio da sede administrativa da Polícia Militar (o Comando de Área Metropolitano CPAM-12), à Igreja Santa Cruz, na Ponte Grande, e ao Cemitério São Salvador. A ideia é mostrar que é possível ter uma Cidade "mais humana, mais civilizada e mais gentil", na definição do arquiteto Guilherme Mattos, um dos idealizadores do movimento. "A população aumentou demais e está havendo uma inversão de valores de ocupação. A Cidade está muito desenhada para o automóvel e pouco desenhada para o homem", assinala.

Denominado de Grupo Mogiano de Ação Contemporânea (GMAC), o trabalho concentra na Internet, por meio do site de relacionamentos Facebook, o principal ponto de discussão dessas pessoas que querem debater a Cidade. Foi no meio digital, inclusive, que teve inicio todo o movimento, aberto a qualquer morador de Mogi interessado em participar do debate. Além disso, o grupo vem se encontrando mensalmente para fortalecer a proposta. A próxima reunião acontece nesta terça-feira, às 19 horas, no restaurante Djapa.

"É uma semente que estamos plantando. Na nossa última reunião, discutimos a questão filosófica do grupo, os valores. Nesse momento não interessa para nós se os projetos serão feitos ou não, até porque não temos esse poder de execução. A nossa questão é intelectual, mostrar que é possível ter a Cidade que sonhamos. E, de repente, esse nosso repertório entra nas pautas das políticas públicas, começa a suscitar um debate. Trata-se de uma reflexão com o objetivo único de acrescentar, de ajudar, de colaborar com os administradores", define Mattos, salientando que o grupo não tem nenhuma conotação política e religiosa, embora políticos e religiosos não sejam impedidos de participar da mobilização, a exemplo do vereador Jean Lopes (PC do B), que já integra o projeto.

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O movimento se baseia na concepção de que não basta apenas esperar iniciativas do Poder Público, mas que cada um tem a sua responsabilidade na construção de um lugar melhor para se viver. Mattos lembra que nos países desenvolvidos existe sempre um órgão independente que pensa sobre os rumos e melhorias para a Cidade.

"O que falta (para muitos administradores) é conhecer lugares, ter referências de projetos e ver que a cidade faz pedidos mudos. Os urbanistas e arquitetos são, muitas vezes, os que mais escutam esses pedidos. A cidade não é só feita de pedidos especulativos, de trânsito, de crescimento. É preciso desenhar a Cidade para o homem", observa.

Presidente do Colégio de Arquitetos, Paulo Pinhal, irá participar do próximo encontro nesta terça-feira e destaca a importância de se debater os problemas urbanos da Cidade, especialmente neste momento em que Mogi está tendo um crescimento, em sua visão, desordenado. "Nós estamos inchando, porque a infraestrutura não está acompanhando o crescimento do Município. Vejo com bons olhos essa iniciativa. São cidadãos, de diferentes áreas, debatendo sobre as condições urbanas", pontua o arquiteto.

Na visão do Grupo, o que falta para Mogi é ousadia. "Um pouco de atitude de vanguarda", salienta Mattos. Ele lembra de um projeto que fez para a Praça João Pessoa, o Largo do Rosário, propondo que o local fosse palco de manifestações artísticas e culturais. Porém, apenas parte da proposta original foi realizada pela Prefeitura no início dos anos 2000. "É um espaço que está no coração da Cidade e por ter essas características de edificações altas no entorno (Binder, Riachuelo e Marisa), nós pensamos naquele espaço como um teatro para manifestações espontâneas ou programadas", conta.

A proposta contemplava um edifício-arquibancada de apoio, passarelas cobertas no calçadão, café, sanitários públicos, bancos generosos e uma cabine para projeções de filmes ou jogos da Copa do Mundo, por exemplo. O suporte de vigas metálicas (urdimento), que receberia essas projeções, foi praticamente a única parte do projeto de fato concretizada."Mas como só feito o urdimento, as pessoas não sabem exatamente o que é aquilo", lamenta o arquiteto. Pensar e rever situações como esta também faz parte dos ideais do Grupo, que está aberto à participação de outros profissionais e mogianos interessados em apresentar intervenções que melhorem o modo de viver e interagir com a Cidade.Mogi das Cruzes_02

 

"O GMAC tem por objetivo analisar e propor projetos urbanísticos e culturais que registrem a Cidade de nossos sonhos, contribuindo assim para que toda a comunidade tenha repertório para um novo olhar para a Cidade", resume ele.

Fonte: http://odiariodemogi.inf.br/cidades/noticia_view.asp?mat=29808&edit=6

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