Eficiência Energética quer ganhar mais espaço nas universidades

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Brasil - Brasil precisa aumentar oferta de cursos de eficiência energética dentro das universidades

Tiago Reis, para o Procel Info

Brasil - Usar a energia elétrica de forma consciente é um assunto já em pauta e em prática no País. Sabemos que além de economizar na conta de luz, o uso eficiente de energia elétrica ajuda a evitar sua escassez no futuro, além de preservar o meio ambiente. Entretanto, nas universidades brasileiras, esse assunto ainda é tabu. Mesmo com a criação da Lei 10.295/2001, conhecida como Lei da Eficiência Energética, que dispõe sobre a política nacional de conservação e uso racional de energia, a presença destes temas na grade curricular obrigatória dos cursos de graduação de engenharias e arquitetura ainda é tímida. Questões burocráticas, custo elevado e falta de interesse dos alunos estão entre as causas do espaço, ainda reduzido, que o tema ocupa nas universidades.
Para o professor Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, Reinaldo Castro Souza, introduzir o tema de forma obrigatória na graduação ainda é muito difícil, principalmente em uma instituição de ensino particular, já que qualquer nova disciplina precisa pagar os seus custos. “Temos muita dificuldade de inserir o tema na graduação. Temos que captar pelo menos 15 alunos, por isso ela ainda é optativa. Mesmo assim, a experiência é muito válida, já que atraiu alunos dos outros cursos de engenharia e também de arquitetura, explica o professor Reinaldo. Na Puc-Rio, a disciplina foi incluída na grade do curso de Engenharia Elétrica, em 2012, atraindo alunos dos demais cursos de engenharia e de arquitetura”.
Nas universidades públicas, o panorama não é diferente. Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Wagner Augusto Andreasi, considera que nas instituições públicas o grande entrave são os planos pedagógicos que definem a carga horária de cada disciplina. Citando como exemplo a própria UFMS, Andreasi explica que a instituição teria que reformular todo o plano pedagógico do curso de Engenharia Civil, para que a disciplina de Eficiência Energética em Edificações, que é oferecida desde 2008, com média de oito alunos por turma, possa se tornar obrigatória. “O mais certo seria a introdução de disciplina Eficiência Energética em Edificações, que possui 68 horas/aula, como obrigatória. Mas para isso, haveria necessidade de se reformular o Plano Pedagógico do curso que já tendo sua carga horária bastante alta, exigiria a retirada ou pelo menos a diminuição da carga horária de outras disciplinas, o que não seria fácil de se fazer, pois certamente alguns professores teriam suas cargas horárias de aula diminuídas. Como na UFMS temos uma carga horária mínima para cumprir, quem perdeu ou cedeu algumas horas tem que criar uma outra disciplina para suprir essa falta”, analisou Andresi.
Ele complementa que a falta de alunos e profissionais interessados na área explica a falta de cursos e disciplinas relacionadas à Eficiência Energética. “Não basta tratar de conforto térmico ambiental sem o enfoque da EE. Para mim os temas se completam”.
Mas para o aluno ou profissional que queira se especializar na área, as opções oferecidas são os cursos de pós-graduação. Da especialização latu sensu ao Pós-Doutorado, as linhas de pesquisa e temas abordados incluem Eficiência Energética em Edificações, Redes Inteligentes e Smarts Grids, Energias Renováveis, Uso Racional de Energia e Sustentabilidade.
Professor e coordenador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Roberto Lamberts, avalia que apesar da variedade de temas, a pesquisa na área ainda é muito recente. “A área de pesquisa em eficiência energética é relativamente nova no País e nosso laboratório foi um dos primeiros a atuar nela. Creio que avançamos bastante, mas muito ainda tem que ser feito. Precisamos garantir que o fundo setorial de energia e os órgãos de fomento entendam o papel estratégico desta área no Brasil e criem uma linha de investimento contínua para que grupos de pesquisa possam pensar a médio e longo prazo nesta área”, afirma Lamberts, que revela sentir falta de mais editais de pesquisa sobre eficiência energética em edificações.
Na Puc-Rio, os estudos sobre eficiência energética se concentram nos cursos de pós-graduação em Engenharia Elétrica e Metrologia. O professor Reinaldo Castro Souza revela, que no momento, a principal linha de pesquisa desenvolvida pela instituição são os Smart Grids e Redes Inteligentes. A linha de pesquisa faz parte do programa da Pós-Graduação em Metrologia Qualidade, Inovação e Sustentabilidade.
O sistema de Smart Grids consiste numa rede inteligente e automatizada de medidores que permite ao consumidor acompanhar em tempo real e reduzir o consumo de energia elétrica, principalmente nos horários de maior demanda. A tecnologia também permite o combate às perdas de energia ao longo da transmissão, já que qualquer alteração é comunicada imediatamente a concessionária. Reinaldo salienta que a Puc-Rio vai criar em breve um curso de doutorado, já que a Metrologia possui um vasto programa para ampliar as pesquisas na área.
Na UFMS, desde 2012 é oferecido o Mestrado Profissional em Eficiência Energética e Sustentabilidade. Segundo Andreasi, que foi o primeiro coordenador do curso, as áreas de pesquisa são Eficiência Energética, com predominância em Edificações, Energias Renováveis e Sustentabilidade. O corpo docente é formado por 11 professores e atualmente conta com 16 alunos.                                                                                                                                              O professor Andreasi salienta que atualmente a maior parte do financiamento vem da Aneel, Eletrobras, distribuidoras de energia e órgãos públicos.
Por fim, o professor Reinaldo pondera que existe uma grande demanda reprimida de estudos na área. Principalmente pelo fato do Brasil ser um país continental, o que gera uma diversidade imensa de pesquisas sobre o tema. Ele enumera que nas regiões Sul e Sudeste, as universidades estudam formas de tornar mais eficiente o funcionamento chuveiros elétricos, ar-condicionado e aquecedores. Já no Norte e Nordeste, as pesquisas são com ventiladores, geladeiras e na substituição das lâmpadas incandescentes. Mas ele pondera, que mesmo com todo o trabalho desenvolvido pelas universidades, a adoção dessas medidas ainda encontra barreiras. “Infelizmente ainda existe uma certa resistência da sociedade em adotar essas medidas. Muitos trabalhos da pós criam soluções para um uso racional da energia. Mas não é fácil mudar hábitos. Estamos formando engenheiros e demais profissionais com essa concepção e quem sabe, no futuro, conseguiremos implementar com mais facilidade essas novas ideias e soluções na área de eficiência energética”, finaliza.
Cada vez mais vemos que a preocupação com a eficiência energética tem sido muito notável em alguns setores. Por conta disso, o aumento da procura por profissionais especiliazados em eficiência energética se tornou uma valiosa oportunidade para as empresas e indústrias se firmarem como parte da solução. Os cursos de especialização na área têm crescido no Brasil, porém não na proporção da demanda sugerida. No País ainda há espaço para crescer.

Fonte: http://www.procelinfo.com.br/main.asp?ViewID=%7B8D1AC2E8%2DF790%2D4B7E%2D8DDD%2DCAF4CDD2BC34%7D&params=itemID=%7B8A3429B5%2DE1ED%2D4230%2DA784%2DFC4EC4DD73CB%7D;&UIPartUID=%7BD90F22DB%2D05D4%2D4644%2DA8F2%2DFAD4803C8898%7D

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