Energia inteligente

Brasil - AES Eletropaulo avança e realiza primeiro grande teste com smartgrid no país

Tiago Reis, para o Procel Info

Brasil - A busca por tecnologias que ajudem a tornar mais eficiente o uso da energia elétrica é uma constante no século XXI. Estudos e projetos visam criar equipamentos e mecanismos para reduzir o consumo e consequentemente os custos da energia elétrica. Um conceito que ganha espaço atualmente é a utilização de sensores e medidores inteligentes na infraestrutura elétrica. Esta tecnologia, também conhecida como smart grid, permite que distribuidoras e consumidores possam ter pleno controle sobre o uso da energia elétrica.
As redes inteligentes permitem as distribuidoras, por meio de sensores, identificar problemas, reduzir desperdícios e evitar fraudes. Já o consumidor, se tiver um medidor inteligente instalado em sua residência, poderá ter à sua disposição um mecanismo para controlar o uso de energia. O sistema ainda permite que o morador possa escolher um melhor horário para utilizar determinado equipamento eletrônico ou até mesmo se programar para ter o maior gasto de energia em horários de baixa demanda.
Bastante difundido na Europa e nos Estados Unidos, as redes inteligentes ainda engatinham no Brasil. Projetos pilotos são desenvolvidos por universidades e distribuidoras de energia, mas a abrangência ainda é bastante reduzida.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu, em 2011, em parceria com a Eletropaulo, um projeto que teve como objetivo criar soluções para identificar os locais de maior consumo em residências e consequentemente criar alternativas para um uso eficiente de energia.
Uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (Feec), desenvolveu módulos com sensores inteligentes por meio de uma rede sem fio wireless. Segundo o professor Luís Duarte, cada residência que fez parte do projeto piloto contou com três módulos medidores: um para verificar o consumo das tomadas, outro que mede o consumo de aparelhos que emitem luz, como lâmpadas e lanteras, e um terceiro que avalia os gastos de equipamentos com grande potencial de consumo de energia, como o chuveiro elétrico.
Duarte ressalta que o equipamento criado pela Unicamp permite ao consumidor entender de forma prática como funciona o consumo de cada equipamento eletrônico e a melhor maneira de utilizá-lo ou substituí-lo, quando for verificada que o modelo de determinado aparelho apresenta sinais de ineficiência entre outros benefícios.
“Os benefícios para os consumidores podem ser: possibilitar que eles usem energia mais barata em horários alternativos, permitir que eles vendam energia excedente quando esta for gerada por eles e informá-los sobre seus hábitos de consumo energético. Possivelmente este último citado seja o mais interessante. Com base em informações sobre seu hábito de consumo, o consumidor tem condição de tomar decisões para evitar o desperdício de energia através ações de eficiência energética”, explicou Duarte.
Também na área acadêmica, a PUC- Rio possui estudos na área. De acordo com professor do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, Reinaldo Souza, alunos de mestrado da instituição realizaram um projeto piloto em São Luiz do Paraitinga, em São Paulo, no qual foram avaliados os hábitos de consumo da população da cidade.
“Utilizamos uma tomada Inteligente para medir como a população está usando de fato os aparelhos eletrônicos. O equipamento permite medir durante sete dias o consumo de cada residência pesquisada, com os dados sendo captados a cada cinco minutos”, detalhou o professor.
Com os dados sobre o consumo em mãos, as distribuidoras podem oferecer benefícios ao consumidor que usar de forma mais eficiente a energia elétrica. Como ocorre em outros países do mundo, o cliente que utilizar equipamentos de alto consumo fora dos horários de pico, pode ser contemplado com uma tarifa mais baixa.
A AES Eletropaulo desenvolve no momento o maior projeto de smart grid do país.

A concessionária escolheu a cidade de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, para implementar um projeto que integra todo o sistema de smart grid da empresa. Até 2015, a cidade, de 250 mil habitantes, terá todos os medidores de energia analógicos substituídos por medidores inteligentes digitais.
Segundo a diretora regional da AES Eletropaulo, Maria Tereza Velhano, a empresa testa a tecnologia há pelo menos cinco anos. Toda a rede modernizada para se adptar ao smart grid. Entretanto, ela revela que para ter uma visão mais integrada do sistema a companhia optou por escolher uma cidade de grande porte, próximo a uma grande metrópole, para testar a tecnologia.
“Visamos uma implantação em larga escala. Como Barueri está próximo a uma grande metrópole e está dentro de nossa área de concessão. Queriamos sair da fase de projetos pilotos e ter um grande laboratório para testar as fases desta a tecnologia de fato, de forma integrada e envolvendo o cliente. Se você for olhar lá fora, os EUA, Canadá, Europa e Austrália já utilizam o sistema há bastante tempo e nós precisamos seguir essa tendência, revelou Maria Tereza. Ela acrescentou que o grande objetivo do projeto em Barueri é ter uma documentação com toda a análise do teste para uma implementação em larga escala.
Os sensores também permitem um controle remoto do uso dos aparelhos eletrônicos tanto por parte do consumidor quanto por parte das distribuidoras. Nos Estados Unidos, algumas concessionárias disponibilizam softwares automáticos que possibilitam o consumidor, mesmo estando ausente de sua residência, ligar ou desligar aparelhos elétricos ou, por exemplo, programar uma máquina de lavar para que ela funcione somente em horários com tarifa reduzida.
Apesar dos grandes benefícios, um dos problemas enfrentados no Brasil para a aplicação desta tecnologia em larga escala é a falta de investimentos e de uma regulamentação própria. Nos EUA, o tema tornou-se estratégico. O governo Barack Obama destinou mais de US$ 80 bilhões em recursos para a criação de novos mecanismos que tornem mais eficiente o uso da energia elétrica. Deste total, mais de US$ 5 bilhões serão utilizados somente em sensores e medidores inteligentes. Na Itália, a distribuidora Enel investiu mais de dois bilhões de euros em sensores inteligentes, entre os anos de 2000 e 2005. Após esse período, a companhia tem registrado uma economia anual de cerca de 500 milhões provenientes principalmente da redução de desperdício no processo de distribuição de energia. Enquanto isso, o Brasil corre contra o tempo para tornar sua rede cada vez mais moderna e eficiente.

Fonte: http://www.procelinfo.com.br/main.asp?ViewID=%7B8D1AC2E8%2DF790%2D4B7E%2D8DDD%2DCAF4CDD2BC34%7D&params=itemID=%7B701EEB95%2D6276%2D4749%2DA73A%2DFCA409303E1E%7D;&UIPartUID=%7BD90F22DB%2D05D4%2D4644%2DA8F2%2DFAD4803C8898%7D

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