Copan era para ser um hotel de luxo

Escrito por Mariana Missiaggia

A facilidade de se encantar pelas curvas do edifício Copan, no Centro de São Paulo, é a mesma em relação à sua história. No livro A História do Edifício Copan, da Imprensa Oficial, o arquiteto Carlos Lemos conta como foi o processo de construção daquele que se tornou um dos símbolos paulistanos.

       

  A construção do Edifício Copan, que durou 18 anos. Projeto original previa complexo com hotel de luxo e lojas. / Reprodução

Lemos foi o arquiteto designado por Oscar Niemeyer a conduzir e fiscalizar a construção do edifício, que durou 18 anos. Em três volumes, ele relata a história do prédio, situando-o no contexto da evolução urbana da cidade e do sistema imobiliário que despontava.
O texto também recorda as dificuldades cotidianas no canteiro de obras, as alterações do projeto, os procedimentos de incorporação imobiliária e os profissionais de inúmeras áreas que nela trabalharam.
Segundo Lemos, o período entre 1952 e o fim de 1954 foi dedicado aos preparativos da instalação das fundações e a concretagem das primeiras lajes do subsolo. Em seguida, foram decididas as construtoras que, em conjunto tocariam as obras – até 1960.
Inicialmente encomendado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, o empreendimento deveria se tornar um grande complexo hoteleiro que compreendia, além de apartamentos de luxo, teatro, cinemas, restaurantes, jardins, lojas e garagens subterrâneas.
Rockefeller – A ideia era inspirada no Rockefeller Center, de Nova York, condomínio que unia um grande centro comercial e de lazer a residências. “Um monumento à grandeza da terra paulista. O Rockfeller Center de São Paulo”, dizia o anúncio de lançamento do edifício Copan, datado de 25 de maio de 1952.
No entanto, o projeto não foi levado a diante e acabou sendo assumido pelo Banco Nacional Imobiliário, da construtora e incorporadora CNI. Do que se vislumbrava inicialmente, quase tudo foi executado, com exceção do hotel e do teatro e, finalmente, o prédio foi inaugurado em 1966.
O leitor tem acesso aos desenhos técnicos do projeto reproduzidos em escala menor. Plantas, a tipologia dos apartamentos nos seis blocos do edifício, fotos da cidade, do sistema de construção, de sua arquitetura e da comercialização do Copan, por meio de anúncios e matérias de jornais, ilustram o livro.
Mesmo com a passagem do tempo, todas as fases de construção ainda estão vivas nas recordações de Lemos. Foram seis meses para compilar suas anotações e separar as fotos que foram recuperadas com o mestre de obras do Copan. “Vivemos aquilo com muita intensidade e sei que, além de ter um valor sentimental para mim, o Copan é querido por todos os paulistanos por tudo o que ele representa”, diz o arquiteto.
Restauração – Perto de completar 50 anos (em 2016), o cartão-postal da cidade de São Paulo se prepara para ficar de cara nova. O síndico Affonso Celso Prazeres de Oliveira, no cargo desde 1993, garante que o edifício não passará por uma reforma completa, mas uma restauração de fachada, onde serão recolocadas pastilhas brancas e cinzas. Além de recuperar sua aparência original, a restauração é uma tentativa de garantir a segurança de quem passa por ali.
“O acabamento da fachada não foi bem feito e, de um tempo pra cá, os problemas começaram a surgir. A própria estrutura do prédio está expulsando as pastilhas e com o vento elas se soltam facilmente”, explica o síndico. O prédio de 115 metros de altura e 35 andares tem uma fachada de 46 mil metros quadrados.
Apesar da proteção azul instalada no edifício há algumas semanas, a obra ainda está longe começar. “Sendo muito otimista diria que podemos ter novidades em outubro, mas ainda estamos buscando autorizações, documentos e definindo os materiais que serão utilizados. Mas a intervenção já foi autorizada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico”, diz o síndico.
Museu – Segundo ele, o condomínio já tem R$ 10 milhões para o restauro. Mas a obra é orçada em, pelo menos, R$ 20 milhões. Outro projeto que segue em andamento no Copan é o museu em homenagem ao prédio. A intenção é reunir cerca de duas mil fotos e documentos.
Também estão guardados dois elevadores da década de 50, máquinas de imprimir boletos de aluguel, uma enceradeira de 1958, fichas de cadastro de moradores, cadeiras, relógios, tubulações antigas e muitas outras peças que contam a história do nosso "Rockfeller Center".

Fonte: http://www.dcomercio.com.br/2014/09/25/copan-era-para-ser-um-hotel-de-luxo

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