Livro – Os pioneiros da habitação social

os pioneiros da habitação social, livro de nabil bonduki, conta e avalia a história da moradia popular no brasil

27.10.2014
texto
maria silvia ferraz
fotos
divulgação e bob wolfenson

 capa do primeiro volume, cem anos de política pública no brasil

“Na história da arquitetura e urbanismo brasileiro, a habitação social sempre foi tratada como objeto de segunda categoria diante dos edifícios monumentais e das residências da elite”, começa Nabil Bonduki em Os pioneiros da habitação social, publicado pela Editora Unesp e Edições Sesc. Agora, o tema ganhou a atenção necessária, com três livros repletos de belas imagens, documentos inéditos e informações detalhadas. São três volumes, resultado de 16 anos de pesquisa do arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Bonduki é também vereador de São Paulo e foi o relator do Plano Diretor, recentemente aprovado. A arquiteta Ana Paula Koury assina com ele dois dos volumes.

No primeiro volume, Cem anos de política pública no Brasil, Bonduki narra e analisa a história da habitação brasileira, do começo do século 20 aos dias de hoje. A crítica atinge os órgão públicos criados ao longo dos últimos 100 anos para gerir um dos mais graves problemas das cidades. Já no segundo volume, Inventário da produção pública no Brasil entre 1930 e 1964, Bonduki e Koury documentam 325 empreendimentos de habitação social na Era Vargas, momento em que a moradia passou a ser considerada uma questão social.

capa do segundo volume, inventário da produção pública no brasil entre 1930 e 1964

O terceiro, Onze propostas de morar para o Brasil moderno, ganhou ensaio fotográfico de Bob Wolfenson e é composto por artigos de diversos autores sobre 11 projetos inovadores implantados entre 1930 e 1964, em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Este foi um período de intensa urbanização, a partir da Revolução de 1930, até o clímax com Juscelino Kubitschek e a implantação de Brasília. As imagens de Wolfenson revelam curvas interessantes, fachadas sutilmente modificadas pelos moradores e repetições que dão a sensação de infinito para a coletividade.

capa do terceiro volume, onze propostas de morar para o brasil moderno

Durante toda a publicação são destacados os arquitetos que, apesar das limitações impostas, projetaram com qualidade arquitetônica e urbanística, deixando um legado para a atualidade. A heterogeneidade de tipologias habitacionais, a diversidade arquitetônica, a adequada inserção urbana e a valorização dos espaços públicos são exaltados. Há projetos assinados por profissionais como Carlos Frederico Ferreira, Attilio Corrêa Lima, Eduardo Kneese de Mello, Carmen Portinho e Affonso Eduardo Reidy.

Para Bonduki, hoje o Brasil, após um século de políticas públicas habitacionais completo em 2012, alcançou condições para garantir o direito à moradia digna a toda a população. Desde que, é claro, se enfrente os problemas urbanos e fundiários. E exista uma preocupação a qualidade dos projetos.

A publicação é relevante porque retrata, como em nenhuma outra obra, a história da habitação social no Brasil. Com a leitura dos textos e a visualização das belas imagens, é possível compreender melhor os problemas de moradia no país e perceber os caminhos para a solução. “Mostramos conjuntos residenciais de excelente qualidade e que ainda hoje apresentam grande atualidade e interesse como soluções para enfrentar a questão da habitação”, resumem Bonduki e Koury.

  • conjunto residencial pedregulho, no rio de janeiro, de 1946, fotografado em 2010

    conjunto residencial pedregulho, no rio de janeiro, de 1946, fotografado em 2010

Fonte: http://www.bamboonet.com.br/posts/os-pioneiros-da-habitacao-social-livro-de-nabil-bonduki-conta-e-avalia-a-historia-da-moradia-popular-no-brasil

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