o itaú cultural inaugura espaço permanente para documentos históricos e arte inspirada no brasil
textolivia debbané
fotos
edouard fraipont e horst merkel
da série de 30 cromolitografias de pássaros brasileiros mostradas em conjunto, realizadas a partir dos desenhos do naturalista francês j. t. descourtilz para sua obra “ornitologia brasileira ou história dos pássaros do Brasil” publicada em Londres de 1852 a 1856
O termo Brasiliana designa as coleções de pinturas, aquarelas, gravuras, mapas, livros e documentos ligados à história do Brasil. Um dos mais importantes conjuntos dedicados ao tema é aquele iniciado por Olavo Setúbal em 1969, que ganha, a partir de 13 de dezembro, dois andares da sede do Itaú Cultural, em São Paulo.
da série de 30 cromolitografias de pássaros brasileiros mostradas em conjunto, realizadas a partir dos desenhos do naturalista francês j. t. descourtilz para sua obra “ornitologia brasileira ou história dos pássaros do Brasil” publicada em Londres de 1852 a 1856
Figura central no aconselhamento da aquisição das coleções, Pedro Corrêa do Lago assina a curadoria da mostra permanente, ao lado de Vagner Carvalho Porto, responsável pela seleção dos objetos ligados ao universo monetário e de condecorações que formam a Numismática. Dividida em nove módulos, a exposição compreende 500 anos do Brasil visto por criadores estrangeiros e brasileiros, com ênfase no aspecto artístico e não apenas histórico de suas expressões. “É arte inserida na história. São testemunhos, mas também manifestações de grandes talentos e assim, obras de arte”, enfatiza Pedro.
j.b.debret, petit moulin à sucre portatif, 1835
johann moritz rugendas, punitions publiques - sur place st. anne, 1835
Apesar do enfoque artístico, a história é evocada em toda parte e define os módulos, que se desdobram por períodos e temas históricos, abrigando as 1,3 mil obras e objetos. Dessa forma, os diversos suportes são mesclados e se complementam. “As obras ilustram os documentos e vice-versa”, diz o curador.
oswald de andrade, pau brasil, 1925
O percurso se inicia em O Brasil Desconhecido, que traz as impressões inaugurais dos europeus sobre os nativos brasileiros. Em seguida, O Brasil Holandês tem obras dos primeiros pintores viajantes trazidos ao Novo Mundo por Maurício de Nassau, como Frans Post e Albert Eckhout, dos quais a coleção possui originais. Fechando o período até o século 18, está O Brasil Secreto, dedicados aos 150 anos em que o país permanece oculto pelo governo português, em que grande parte da autoria é anônima, com exceção do mineiro Aleijadinho.
johann moritz rugendas, vue de rio de janeiro, 1835
gravura em cobre executada em 1822 pelo gravador fortier, a partir da grande aquarela do conde de clarac
gravura de lasar segall para o livro mangue
profundamente, manuscrito com poesia e aquarela de manuel bandeira, 1940
Com a chegada da corte em 1808, e a abertura dos portos, começa um fértil período, dividido em sete temas: O Brasil dos Naturalistas, no qual estão os primeiros inventários da natureza brasileira feito pelas expedições científicas, O Brasil da Capital – com as numerosas imagens e panoramas do Rio de Janeiro –, O Brasil da Província, no qual aparecem os primeiros registros de São Paulo; O Brasil do Império, O Brasil da Escravidão e O Brasil dos Brasileiros. No penúltimo, artistas como Rugendas, Debret, Chamberlain e Frond assinam dezenas de gravuras que mostram o dia a dia dos escravos, bem como o lado cruel do período da escravatura. O último módulo, por sua vez, se constitui prioritariamente da produção literária do século 20, com muitos manuscritos e primeiras edições.
debret, cerimônia de casamento de d. pedro I e sua segunda mulher, d. amélia
du viert e mariette, estes são os verdadeiros retratos dos selvagens da ilha de maranhão chamados tupinambás trazidos ao rei da frança pelo senhor de razilly. estão representados na posição que tomam enquanto dançam, 1613
Livro virtual
A expografia, criada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, transforma o espaço expositivo em páginas brancas usadas para comunicar e contextualizar as peças. “Tentamos romper com todos os limites físicos”, diz Daniela, “é como se você andasse por páginas de um livro virtual”. Títulos, legendas e textos dispensam, assim como grande parte das obras, totens, vitrines ou molduras, sendo fixados diretamente nas paredes, em disposição inspirada pelo livro de Corrêa do Lago que apresenta a coleção e foi lançado anteriormete. “Tudo fica livre no espaço, e isso transforma o espectador em uma espécie de pesquisador”, completa a cenógrafa.
itaucultural.org.br
Fonte: http://www.bamboonet.com.br/posts/o-itau-cultural-inaugura-espaco-permanente-para-documentos-historicos-e-arte-inspirada-no-brasil?utm_source=newsletter&utm_campaign=2add3ec01b-bamboo_news_8212_16_2014&utm_medium=email&utm_term=0_f1c911abd5-2add3ec01b-102987541
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