Cidade, Rua e Festa

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Muito antes de houvessem carros, ônibus e motos circulando pela cidade, sempre houve um elemento comum em todas as cidades de todo o mundo e em todas as épocas: As pessoas. A prova de que as cidades não foram feitas para os automóveis é essa, a rua sempre foi das pessoas e para pessoas.
A rua nas cidades antigas eram os locais de encontro, de troca de experiências, de comércio, mas também da festa. As festas tinham um sentimento de coletividade, aconteciam por um sentimento de comunidade que uniam as pessoas para celebrar. As festas faziam parte de uma rede de relações que fortaleciam os laços afetivos com o espaço público. Tudo acontecia na rua, um romance, um beijo roubado, uma caminhada com seu amor. A vida era urbana.
Havia uma relação intima com o espaço urbano com a arquitetura. Por exemplo, a arquitetura holandesa tradicional, onde as portas das casas tinham duas partes horizontais que se abrem, permitindo que se tenha contato com o espaço público, mantendo a privacidade da casa. Como Hertzberger em seu livro “lições de arquitetura” formula os espaços são públicos ( a rua), espaços de transição ( a Porta das casa holandesas) e os espaços privados ( a casa). Espaços que estão intimamente ligados e fazem parte de um todo.
A arquitetura modernista sabia dessa potencialidade da rua, tanto que incorporava a rua para o interior dos prédios como espaços coletivos e de transição da rua para a habitação e sem a presença de carros. No entanto esses espaços eram múltiplos na sua forma de uso, podia se fazer tanta coisa que acabou não acontecendo nada ou quase nada. Tais espaços foram transformados em garagens, simplesmente abandonados ou subutilizados.
Hoje com a cidade de proporções gigantescas, as ruas são tomadas pelos automóveis e com a correria do dia a dia, perdemos os espaços das ruas e cedemos para o carro. Ainda há festas acontecem na rua: o Carnaval. Por toda cidade temos blocos que atraem pessoas de todas as partes para festejar. De certa forma, a rua de maneira efêmera e descontínua traz a festa e a potencialidade da vida urbana. A festa acaba e tudo volta no ritmo acelerado das nossas cidades, quem dera se as ruas cotidianamente fossem lugares de encontros mais expressivos. Mesmo que haja a possibilidade da surpresa ao dobrar uma esquina, já não é o mesmo de tempos atrás.

Por Rogério Guimarães Misk Filho
PUC MINAS

Fonte: http://arquipelago.in/?p=319

1 comentários:

André Wolff on 16 de março de 2015 às 12:15 disse...

show de texto !!!!

 
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