Exposição em São Paulo traz vida e obra de Vilanova Artigas em comemoração ao seu centenário

Arquiteto completaria 100 anos hoje, 23 de junho. Confira entrevista com Rosa Artigas, historiadora e filha de Vilanova Artigas

Da redação de AU
23/Junho/2015

Acervo Família Artigas
João Batista Vilanova Artigas completaria 100 anos nesta terça-feira (23). Em homenagem a esta data, o Itaú Cultural inaugura hoje em São Paulo a Ocupação Vilanova Artigas, exposição de caráter biográfico que aborda a obra e principalmente a vida do arquiteto. A exposição vai até 9 de agosto.
A curadoria compartilhada, composta por Rosa Artigas, historiadora e filha do arquiteto, uma equipe multidisciplinar do Itaú Cultural e o arquiteto Álvaro Razuk, buscou trazer as várias faces do arquiteto. Segundo Rosa, a intenção da curadoria é "tirar Artigas do nível do herói, do mito e da prática, e trazê-lo para o mundo real".
Desta forma, a mostra não se restringe à arquitetura. Para Rosa, o fato de a curadoria ser coletiva e envolver profissionais de várias áreas, como artistas plásticos, jornalistas e cientistas sociais, ajuda a aproximar o público da obra do arquiteto.
Para atingir a pluralidade, os elementos da exposição se dividem em três temas relacionados às atividades de Artigas: sua trajetória como professor, contada por seu tempo de ensino na FAUUSP; seu lado institucional, com atuação na Associação Brasileira de Design, no Instituto das Cidades e no IAB-SP; e sua arquitetura, apresentada por dez projetos originais de obras icônicas, que incluem o prédio da FAUUSP, o Edifício Louveira, a Casinha no Campo Belo, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula e o Ginásio de Guarulhos.
A definição desses temas partiu da linha do tempo organizada por Rosa para o site oficial do centenário de Artigas, lançado no final de 2014. Essa linha do tempo também mostra a vida pessoal de Artigas, com narrações de acontecimentos em família e desenhos feitos por ele e seus netos.
Além dos desenhos, estarão expostos ao público bilhetes, cartas, fotografias e manuscritos do acervo do arquiteto que estavam guardados na casa de sua filha Rosa. Vários manuscritos são inéditos, como o do concurso para o plano piloto de Brasília.
A Ocupação faz parte das comemorações do centenário, que inclui o documentário biográfico Vilanova Artigas, que estreia no dia 25 de junho nas salas Espaço Itaú de Cinema. Dirigido por Laura Artigas, neta do arquiteto, e Pedro Gorski, o filme fica em cartaz por um mês em São Paulo, e também no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador.
ENTREVISTA
Artigas além do arquiteto

Divulgação olé Produções
A revista AU conversou com Rosa Artigas, historiadora e filha de Vilanova Artigas. Ela fala sobre os ensinamentos que Artigas deixou como arquiteto, professor, pai e avô, de sua personalidade e das lembranças sobre ele que a marcaram.
Quais as principais ideias que Artigas transmitiu a você sobre arquitetura e o papel do arquiteto?
Acho que é o arquiteto que se incomoda com o mundo coletivo e com a cidade como o lugar desse mundo coletivo. O que ele mais ensinou foi que a arquitetura não é feita pela arquitetura, é feita para as pessoas usarem, viverem, desde a mais pequena casa até planos urbanos. Você tem que olhar mais para as pessoas do que para a forma maravilhosa.
O que mais marcou a convivência do seu pai tanto com a família, quanto com os alunos e colegas dele?
Ele era um pouco professor o tempo todo. Não no sentido professoral de sentar e dar uma aula, mas ele conversava sobre muitos assuntos e sempre tinha uma inquietação de saber qual era o nosso interesse, a nossa preocupação. Ele indicava coisas para a gente ver, ler e discutir. Tanto eu quanto o meu irmão tínhamos muitos amigos que frequentavam nossa casa e alguns deles, coitados, viraram arquitetos (risos). Eram conversas em volta da mesa, minha mãe fazia umas comidas para a moçada... Eram reuniões muito agradáveis onde se conversava de tudo, de política, sociologia, arte e sobre besteira também, porque ninguém é de ferro.
Como pai e avô, quais ensinamentos ele deixou que são marcantes para a sua família?
Na verdade, como todo avô, ele foi bem diferente do que como pai. Ele foi um pai igual aos outros da geração dele. Ele foi presente em nos levar para a praia nas férias, para passear, mas a educação cotidiana sempre foi por conta da minha mãe. O que ele teve de diferente, e minha mãe também, é que ele tinha a cabeça muito aberta do ponto de vista de comportamento. Então, conforme fomos ficando mais velhos, éramos muito livres para falar o que quiséssemos com ele. Nunca houve repressão, de moralismo, de impedir que a gente andasse com as próprias pernas. Agora, com os netos, ele era um capacho, como todo avô (risos). Ficava horas desenhando, contando histórias, montava barracas no quintal da casa, comprou um escorregador, essas coisas de avô.

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