Vilanova Artigas: A função social do arquiteto

Por: Miguel Antonio Buzzar
Edição 255 - Junho/2015



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A obra de Vilanova Artigas, em grande parte, pode ser lida articulada ao percurso do modernismo artístico e arquitetônico entre os anos de 1920 e 1970. As questões por ele trabalhadas rementem à teleologia moderna, conforme desenvolvida após a 1ª Guerra Mundial, guardadas as particularidades do cenário brasileiro.


Desta articulação, pretendo destacar uma questão sempre associada a Artigas: a dimensão social, que adquiriu plena visibilidade a partir da prova didática que realizou para professor de Projeto da FAUUSP, em 1984, cujo tema foi justamente a "função social do arquiteto".
Artigas, logo no início de sua apresentação, destacou a condição da arquitetura como "uma arte com finalidade" e essa seria "a necessidade social de a arquitetura representar alguma coisa no campo da sociedade". Tal representação social implica justamente a possibilidade da arquitetura ser usufruída pela maioria da população e, assim, participar da melhoria das condições sociais. Nas dificuldades desse uso massivo residiram em grande parte as críticas à arquitetura moderna brasileira.
Para Oscar Niemeyer, em 1954, no artigo Problemas atuais da arquitetura brasileira publicado na revista Módulo, a arquitetura moderna brasileira não servia à coletividade em função do atraso político da sociedade. Só se poderia alcançar uma condição diferente, um sentido humano, caso um plano (coletivo) postulasse essa condição.
Artigas, em texto famoso e polêmico de 1952, Os caminhos da arquitetura moderna, após ter criticado acidamente os mestres modernos e a arquitetura moderna brasileira, como um instrumento a serviço da "malandragem comercialesca" de empreendimentos imobiliários despropositados e como auxiliar à "penetração do imperialismo" na vida cultural local, concluía afirmando: "enquanto a ligação entre os arquitetos e as massas populares não se estabelecer, não se organizar, enquanto a obra dos arquitetos não tiver a suma glória de ser discutida nas fábricas e nas fazendas não haverá arquitetura popular". Vale dizer, não haverá uma arquitetura a serviço das necessidades sociais.
A função social do arquiteto e, por extensão, da arquitetura, esteve no ideário moderno brasileiro de forma bifronte, como fundamento e impossibilidade. A solução estaria na articulação da arquitetura com um plano de desenvolvimento que colocasse o país em marcha visando à superação do subdesenvolvimento econômico e social.
As considerações de Artigas sobre a arquitetura moderna tinham raiz na crítica do realismo socialista, vertente político-cultural elaborada pelo Partido Comunista russo no início dos anos de 1930, que deveria orientar os militantes em todo o mundo. Em meados dos anos de 1950, após a morte de Stálin, as formulações do realismo socialista perderam a condição de dogma e, por outro lado, o cenário político brasileiro, após o suicídio de Getúlio Vargas (1954), conheceria novos caminhos. A combinação dessas situações permitiria a Artigas rever suas ideias.
Enquanto na primeira metade dos anos de 1950 as falas de vários arquitetos progressistas ainda não indicavam a possibilidade de uma dimensão social da arquitetura, na segunda metade, o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek (eleito em outubro de 1955 e empossado em 31 de janeiro de 1956) passou a ser interpretado como o meio apropriado para a superação dos atrasos econômicos e sociais, de sorte que novas perspectivas arquitetônicas a partir dessa conjuntura política eram vislumbradas.

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Fonte:
http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/255/vilanova-artigas-a-funcao-social-do-arquiteto-353374-1.aspx

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