Ricardo Bofill: a arquitetura de autor no século 20

POR LUIZ FLORENCE



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O espanhol Ricardo Bofill é um dos ícones da arquitetura pós-moderna. Por mais verdadeira que seja esta frase, ao dizer isso também corremos o risco de reduzi-lo a um estereótipo, como acontece com arquitetos como Aldo Rossi, James Stirling, Peter Eisenman ou Robert Venturi.
Vale a pena analisar a obra de Ricardo Bofill, repleta de edifícios icônicos não apenas representativos do pós-moderno mas também outras importantes referências para a prática contemporânea, da qual o arquiteto participa de maneira prolífica até hoje. Podemos extrair de seus projetos as sutilezas de um vaidoso arquiteto e conceituador de arquitetura, famoso por investigar estilo e elegância clássica, interessado nos últimos movimentos da arquitetura europeia, misturando com raízes ibéricas e críticas ao suposto simplismo da industrialização, chegando a uma conciliação com a estética da tecnologia em seus últimos projetos, reforçando o caráter camaleônico de sua obra.
Warren A. James atribuiu o termo "classicismo moderno" para definir a obra de Ricardo Bofill durante a década de 1980. Para qualquer visitador educado na arquitetura, percebe-se a veracidade desse termo simplifi- cado. Sua verve historicista foi mais presente durante a década de 1970 e 1980, quando notamos um forte contraponto à estética da industrialização nos grands ensambles Franceses, ou nos siedlungen Alemães, em projetos como o Les Espaces D'Abraxas (Paris, 1978/1982), embebido na distribuição axial do espaço e em elementos de fachada típicos da école des beaux arts da virada do século. Ao contrário de outros colegas pós-modernos como Michael Graves ou James Stirling, Bofill sempre foi mais rigoroso ao adotar estilos de época, e não fazia as mesmas experimentações radicais de seus contemporâneos.
Uma das facetas mais interessantes da crítica dos arquitetos e pensadores pós-modernos de arquitetura ao movimento anterior, ensinado e praticado por seus professores, foi a promessa não cumprida de filiação do modernismo às ciências da industrialização, da chamada "primeira era da máquina". Matemática, física, geometria, mecânica dos fluidos, as ditas ciências duras, como chamadas pelos historiadores Jean-Louis Cohen, Anthony Vidler ou Gwendolyn Wright, foram o alicerce de uma ideologia que pregava por construções mais sadias, ensolaradas, expurgadas dos malefícios do primeiro ciclo de industrialização.

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