Nossa Cidade: seis princípios para tornar as cidades mais seguras a partir do desenho urbano

 

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O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis.
A cada mês um tema diferente.
Com a colaboração e a expertise dos especialistas do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, os posts trazem artigos especiais sobre planejamento urbano, mobilidade sustentável, resiliência, segurança viária, entre outros. A cada mês, uma nova temática explora por ângulos diferentes o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.

Seis princípios para tornar as cidades mais seguras a partir do desenho urbano

É assustador o fato de que 1,25 milhão de pessoas morrem a cada ano em acidentes de trânsito. Diversos fatores contribuem para esse alto índice, porém a maneira com que as cidades vêm sendo construídas é a principal responsável por esse cenário. Mas, e se um guia prático pudesse ajudar as cidades a salvarem mais de 100 pessoas por dia? O Nossa Cidade deste mês tratará do tema Segurança Viária e começaremos trazendo soluções ao apresentar a publicação O Desenho de Cidades Seguras.
O guia, elaborado pelo WRI Ross Center for Sustainable Cities, fornece aos gestores e projetistas um compilado de orientações e exemplos para reduzir mortes de trânsito que poderiam ser evitadas por meio de pequenas mudanças no desenho das vias. O Brasil é, atualmente, o quarto país que mais mata no trânsito. Essas fatalidades custam cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Outras economias emergentes como México, Indonésia, Turquia e China também têm grandes prejuízos econômicos com as mortes no trânsito. São também nos países de baixa e média renda em que 90% das fatalidades em acidentes ocorrem.
O número opressor de veículos nas ruas e também as falhas de planejamento das cidades acabam por colocar tantas vidas em risco, em especial a dos usuários mais vulneráveis do sistema viário: pedestres, ciclistas e motociclistas. O foco de O Desenho de Cidades Seguras recai sobre os diversos usos que as cidades podem fazer do redesenho das vias, para que elas também sirvam especialmente ao transporte coletivo e sustentável.
Remodelar vias urbanas não é uma tarefa fácil, mas pode ocorrer em qualquer local do mundo. “As diretrizes apresentadas no guia podem ser implementadas em qualquer cidade, seja ela grande ou pequena. A maior parte das medidas pode ser praticada com baixo custo, não necessariamente são empreendimentos caros. Além disso, todas elas têm a eficácia comprovada para a redução de acidentes e mortes no trânsito”, afirma a Coordenadora de Segurança Viária do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Marta Obelheiro.
A partir de seis princípios e 34 elementos de design que são amplamente apresentados nos capítulos, o guia se comunica diretamente com os gestores públicos, projetistas, engenheiros, urbanistas, empreiteiros privados e públicos, especialistas em saúde pública e responsáveis pela criação de planos de mobilidade. Então, veja como construir uma cidade mais segura a partir desses princípios:
– Crie uma cidade propícia para os pedestres, não para os carros
Tomar essa decisão é o que determinará a segurança da cidade. O desenho urbano seguro ajuda a reduzir a velocidade dos veículos motorizados e dá maior protagonismo aos pedestres e ciclistas. São cinco elementos-chave sugeridos pelo guia que, quando considerados em conjunto, podem salvar milhares de vidas nas cidades: tamanho de quadra, conectividade viária, largura das vias, acesso aos destinos e densidade populacional.
tamanho de quadra irá determinar a que velocidade os carros trafegarão – quanto mais longas as quadras, maiores as velocidades. Quadras mais curtas favorecem a acessibilidade dos pedestres, já que têm um número maior de interseções e mais pontos em que os carros devem parar. Blocos menores em bairros compactos reduzem as distâncias de viagens diárias fornecendo diversas possibilidades de rotas em todas as direções, o que leva à conectividade e ao acesso facilitado aos destinos.
– Modere o tráfego
Intervenções no desenho viário são capazes de forçar os carros a reduzirem as velocidades de forma natural. Elas são especialmente importantes em regiões de intenso fluxo de pedestres, como perto de escolas, comércio, parques, centros comunitários, entre outros, e podem ainda transformar o visual das ruas. As medidas de moderação de trânsito apresentadas no guia são: lombadas, almofadas atenuadoras de velocidade, chicanas, afunilamentos, extensões de meio-fio, travessias de pedestre elevadas, minirrotatórias e rotatórias.
chicana – termo talvez inédito para muitos – nada mais é do que um desvio artificial que leva a uma redução na largura da via. As chicanas podem ser úteis em vias retas localizadas em longas quadras para evitar que veículos possam tomar maiores velocidades, já que os impedem fisicamente disso. Pontos de ônibus ou até locais de estacionamento de bicicletas podem ser usados nas chicanas para melhor aproveitamento dos espaços.

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