Adaptabilidade das construções: um olhar necessário

Maurício Bernardes

Nos últimos anos, testemunhamos rápidas e bruscas rupturas na lógica da prestação de serviços com o uso de novas tecnologias que influenciam e são influenciadas pelas formas de organização do trabalho, cujas alterações até a década de 1980 caminhavam numa direção e com uma velocidade mais previsíveis.
Esta constatação altera significativamente os requisitos de projeto para os novos edifícios que durante a sua vida útil passarão por mudanças importantes na forma de ocupação e utilização. Neste contexto, uma das questões que se apresenta é a real capacidade dos projetos atuais de permitir aos edifícios que incorporem novas funções e atendam novas demandas dos usuários, através de adaptações de baixo impacto, em termos ambientais, sociais e econômicos.
Importante ressaltar que edifícios projetados sem esta preocupação terão o seu valor depreciado pela dificuldade, ou às vezes, pela inviabilidade técnica-financeira de se modernizar. Assim, quando um edifício perde a capacidade de cumprir com as suas funções, torna-se funcionalmente obsoleto e terá que passar por reabilitação, normalmente onerosa, e com impactos relevantes para destinar os materiais substituídos e para produzir, transportar e instalar os novos elementos.
Neste sentido, publicação do início da década de 2000 do periódico “Energy and Buildings” já mencionava que o grau de obsolescência funcional era o parâmetro que mais poderia influenciar o valor de um edifício com ocupação comercial, em decorrência, principalmente, da perda de capacidade das instalações de acompanhar as mudanças tecnológicas e dos métodos de trabalho. Segundo a publicação, aspectos ligados à flexibilidade e a manutenibilidade seriam essenciais para atribuir maior valor a um edifício, em prol de sua resiliência e capacidade de adaptação (adaptabilidade).
É fato que na concepção de um empreendimento ao se levar em consideração a possibilidade de substituição de componentes e ao procurar facilitá-la, as intervenções serão menos traumáticas, de menor custo e com maiores chances de reestabelecer o desempenho previsto em projeto.
A seguir destacam-se alguns conceitos de projeto relacionados ao tema e que são importantes para se reduzir os riscos de obsolescência funcional dos edifícios:
Flexibilidade: Facilidade de alteração na compartimentação de espaços.
Divisibilidade: Prever instalações mecânicas, hidráulicas e elétricas com elevada segregação a fim de que se permitam arranjos variáveis de espaços para a locação ou venda em variadas configurações. Para isto, as instalações deverão ser mais independentes e dedicadas, para permitir, por exemplo, a individualização da automação, da gestão de facilities e das medições de consumo.
Manutenibilidade: Facilidade de um elemento em passar por manutenções para permanecer ou reestabelecer o estado em que possa desempenhar adequadamente as suas funções.
Resiliência: Capacidade de se alterar os parâmetros de funcionamento de equipamentos e de sistemas para atender a novos critérios normativos, de conforto, operacionais, ou legais.
Coordenação modular: Conceber e especificar elementos com medidas modulares a fim de que se facilite a sua substituição racionalizada a partir de padrões pré-definidos junto à indústria da construção. Exemplo deste conceito pode ser observado no Nakagin Capsule Tower – Japão, conforme ilustram as figuras abaixo:

Fonte e artigo completo; http://blogs.pini.com.br/posts/tecnologia-sustentabilidade/adaptabilidade-das-construcoes-um-olhar-necessario-372746-1.aspx

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