Alejandro Aravena expõe suas ideias para a implementação da Nova Agenda Urbana

O processo construtivo de habitações sociais faz a diferença entre a cidade informal e a cidade planejada

imagem-destacada-habitatA Nova Agenda Urbana proposta pela Habitat III sugere uma importante mudança de paradigma das relações entre desenvolvimento e boas cidades.

O entendimento tradicional é que o desenvolvimento econômico precede o projeto de boas cidades, que se alcança só por meio da riqueza e da prosperidade.  O documento final da 3ª. Conferência sobre Habitação e Desenvolvimento Sustentável realizada em Quito, no Equador, em meados de outubro de 2016, propõe o inverso. Ou seja, se projetarmos boas cidades, elas funcionarão como motores do desenvolvimento, na opinião de Joan Clos, secretário-executivo da conferência.

A forma de mudar a ordem das coisas é, segundo ele, uma tríade englobando  plano financeiro adequado, legislação adequada e projeto adequado.

Foi a partir desses conceitos que o arquiteto chileno Alejandro Aravena –  Prêmio Pritzkler de 2016 e curador da Bienal de Arquitetura de Veneza do mesmo ano  –  estruturou a palestra que proferiu na noite de abertura da Habitat III.  


Alejandro Aravena no Habitat III Conference on Housing and Sustainable Urban Development taken place in Quito, Ecuador.
Alejandro Aravena no Habitat III Conference on Housing and Sustainable Urban Development taken place in Quito, Ecuador.


Tradicionalmente, lembra ele, o plano financeiro que sustenta a construção de uma cidade envolve o Estado e o mercado. Ocorre que nem um nem outro atende a uma vasta camada da população  que autoconstrói uma cidade informal, sem projeto,  sem orientação técnica e sem infraestrutura adequada.

A saída, diz o Prêmio Pritzkler 2016, é a adição de uma terceira fonte de financiamento: os próprios cidadãos que sempre gastam quantidades significativas de suas poupanças em suas próprias casas. “A diferença é que o processo construtivo destas casas ocorreria graças ao projeto da cidade e não a despeito dele”, diz Alejandro Aravena. Ou seja, amparado por uma legislação urbana que ensejaria igualmente bons projetos..

PROJETO INCREMENTAL – Este cenário, reconhece Alejandro Aravena, é bastante instigante e desafiador para que seja traduzido em esquemas concretos. No entanto, seu escritório, o Elemental, tem exemplos reais de ganhos de valor social e financeiro na implementação de programas habitacionais sociais.

Até 2001,  a política habitacional no Chile oferecia um vaucher de US$ 10 mil para a construção, correspondendo a um subsidio governamental de US$ 3.700, além da poupança familiar e empréstimo bancário privado.  Devido à baixa qualidade das unidades, 70% das pessoas não estavam pagando o empréstimo bancário, algo insustentável para as finanças e a economia do pais. Além disso, era um processo que não focava nos mais pobres, pois estes eram invisíveis ao sistema bancário.

Em 2001 foi criada uma nova política habitacional onde o subsidio direto do governo quase dobrou para US$ 7 mil, a poupança familiar ficou em 300 dólares e não havia empréstimo bancário privado. Com isso, no final das contas,  o vaucher final ficou menor que o anterior – US$ 7.500.


Um dos exemplos mais conhecidos é a habitação social Quinta Monroy, em Iquique, Chile
Um dos exemplos mais conhecidos é a habitação social Quinta Monroy, em Iquique, Chile

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