C’est La Vue: porque sobem prédios na histórica Salvador

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Edifício Mansão Wildberger, foto por Rodrigo Sena.

Pela primeira vez nos últimos tempos, o Ministério da Cultura, o IPHAN e Salvador são pontos centrais de uma discussão nacional. A construção do La Vue, projeto para um edifício de trinta andares ao pé da Ladeira da Barra – cuja cobertura supostamente pertenceria ao ex-ministro Geddel Vieira Lima – teve sua construção embargada após relatório emitido pelo IPHAN. Por trás das cortinas, uma série pressões realizadas por Geddel e, supostamente, pelo atual presidente Michel Temer, buscavam reverter tal situação. O plano seria alterar o resultado do relatório, depois tentando transferir o caso para a Advocacia-Geral da União.
A notícia, feliz para preservacionistas, não é necessariamente comum. Neste momento, outro edifício de 40 andares tem sua construção a pleno vapor no topo da Ladeira da Barra, a menos de 300 metros do La Vue. De maneira similar ao La Vue, o Mansão Wildberger busca atender à classe alta. Quadras de tênis e squash, spas e saunas, apartamentos com em torno de 450m², guarita e parafernália de segurança se organizam ao fundo de uma pequena igreja do século XVI, “um lugar único, onde a tradição está em plena harmonia com novas tendências, ali elas se misturam com uma dualidade incrível” de acordo com seu site de vendas.
La Vue e Wildberger se encontram em uma situação de patrimônio urbano relativamente parecida. Salvador, considerada a primeira cidade brasileira e projetada por portugueses por volta de 1550, tem seu território dividido em duas frentes marítimas. Voltados ao Atlântico e relativamente recentes, estão localizados os bairros Rio Vermelho, Amaralina, Pituba e Itapuã entre outros; à Baía de Todos os Santos estão o Porto da Barra, Pelourinho, Comércio, Liberdade. A cidade se divide no Farol da Barra.
Praticamente todas as restrições relacionadas ao patrimônio e à paisagem urbana estão incluídas nesta segunda frente; nela está o ambiente em que os portugueses decidiram construir sua cidade ideal. O terreno é dividido por uma imensa falha geológica, onde se localiza o elevador Lacerda além de uma diversidade de igrejas e fortes que apresentam relações particulares com o mar e com a paisagem terrestre. Manter a encosta de pedra que divide cidade-alta de cidade-baixa visível a partir do mar é uma das diretrizes de perservação da cidade. Geddel, Ivete Sangalo, Bel Marques e parte da elite baiana valorizam tal paisagem, escolhendo morar principalmente no trecho de edifícios (mais baixos que ambas torres aqui mencionadas) que se estende a partir do Mansão Wildberger até o Campo Grande – Corredor da Vitória.

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