A imagem fala: ou, Por que precisamos ir além dos renders

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A imagem fala: ou, Por que precisamos ir além dos renders, Crematório em Thun, Suíça. Image Cortesia de FALA Atelier
Crematório em Thun, Suíça. Image Cortesia de FALA Atelier

A arquitetura, do mesmo modo que qualquer outra profissão, necessita de ferramentas específicas para acontecer. Como o poeta usa a caneta e o carpinteiro o serrote, o arquiteto também usa alguns instrumentos para traduzir suas arquiteturas imaginárias em paredes, chão e teto. A complexidade, porém, da arquitetura exige mais que caneta e serrote, muito mais que régua e prancheta; atividade coletiva e realizada e múltiplas etapas, até que se faça a arquitetura propriamente dita – aquela concreta – há passos que devem ser seguidos e, para cada um deles, as ferramentas mais adequadas.
Na arquitetura não há quem não tenha fracassado. Dito de outro modo, não há arquiteto ou arquiteta que tenha conseguido, todas as vezes, transformar as ideias em espaço concreto, construído. Aliás, essa espécie de “fracasso” é muito recorrente na profissão; o longo e intrincado processo necessário para trazer uma ideia ao mundo das concretudes faz com que a maior parte de nossos projetos permaneça apenas projeto. Assim, lidamos boa parte do tempo com representações – ou apresentações, já que não existe um referencial concreto a ser re-apresentado.
As representações ocupam, então, parte considerável do tempo e do material produzido por arquitetos. Ferramentas necessárias tanto para transformar as ideias em obras construídas como para oferecer ao público não especializado uma visão mais palpável do que virá a ser a arquitetura, as representações abrangem um espectro bastante amplo de linguagens, como por exemplo a escrita (sim, memoriais de projeto também são representações), plantas e desenhos técnicos, croquis, desenho de observação, fotografia, vídeo, realidade virtual, imagens computadorizadas fotorrealistas... a lista é longa e está continuamente em expansão.

Biblioteca Pública em Setubal, Portugal. Image Cortesia de FALA Atelier
Biblioteca Pública em Setubal, Portugal. Image Cortesia de FALA Atelier

Em plataformas virtuais como o ArchDaily os tipos mais usuais de representação de projeto são os desenhos técnicos, textos, fotografias e imagens computadorizadas, com prevalência destas duas últimas que são as maiores responsáveis por seduzir o público e apresentar os projetos – sejam construídos ou ainda apenas ideias. A fotografia, como já foi dito em outro artigo publicado no ArchDaily Brasil, representa de modo bastante fiel a arquitetura; embora possam ser manipuladas e editadas à exaustão, às vezes transformando radicalmente alguns aspectos da arquitetura, elas necessitam de uma referência concreta a qual re-apresentam, isto é, só existem após o edifício ou objeto.

Duas propostas para um restauro, Marselha, França. Image Cortesia de FALA Atelier
Duas propostas para um restauro, Marselha, França. Image Cortesia de FALA Atelier

Renders, ou imagens computadorizadas fotorrealistas, por outro lado, tratam de apresentar simulações de arquiteturas que ainda não foram construídas. Através de modelagem 3D, renderização e edição, é possível fazer ver aquilo que até então era exclusivo da mente de um arquiteto ou grupo de pessoas. E isso vem sendo feito com incrível “realismo” a ponto de confundir a mente do espectador que, incrédulo diante das imagens, se pergunta: mas isso é de verdade?

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